quinta-feira, 26 de junho de 2014

Devoção

De você, não espero menos que devoção,
Não aquela de quem ama a santa imaculada
No altar, com velas, flores e oração,
De quem vê como mãe, talvez, a mulher amada,
Parada, fora do mundo ou à beira do fogão.
Quero, sim, ver a coragem inabalada,
O milagre da alma que é, para o tempo, sedução,
Quero ser, em seu poema, inacabada,
O conta-gotas em seus pensamentos, imensidão!
Quero também ser desejo, a carne profanada,
O corpo, o toque, o vício, panela de pressão!
Quero ser parte da viagem e da estrada,
O seu livro de cabeceira! Quanta pretensão!
Acima de tudo quero e espero devoção,
Porque penso, inquieta, porém calada,
Que se um dia houver de lhe implorar amor,
É porque já morri de solidão.


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