terça-feira, 26 de julho de 2011

Memórias

Memórias? Eu tenho. E avarenta que sou, abraço-as e não mais permito que vão embora. As memórias têm o meu nome, moram no meu endereço, são coloridas com as minhas cores e conversam com os meus sentidos. Às vezes, dão uma festa de madrugada, fazem um barulho danado e não mais me deixam dormir. As memórias tomam o meu café da manhã, calçam os meus sapatos, escovam os meus dentes, falam a minha língua, lêem o meu jornal e dirigem o meu carro.
Memórias minhas, são tantas. Memórias herdadas, do meu tempo e dos outros, tenho-as das mais diversas espécies, desempanhando muitos papéis, e são todas minhas. Memórias para as aulas de história, para moda, companhia e família. Há inclusive memórias de cantar memórias, "Strawberry fields forever", memórias de rock'n'roll.
Há memórias que vivem para gritar e outras para esquecer a si mesmas, todas sujeitas a frequentes variações emocionais. As memórias se apaixonam, sorriem e ficam de mau humor. As memórias criam fantasias, se escondem, dançam, discutem, brigam.
Humanas memórias, que não envelhecem, mas morrem comigo.

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